Precisamos atingir a IA Geral para nos beneficiar da IA? A resposta é um rotundo NÃO!

Tem causado muita polêmica os recentes eventos na OpenAI com a demissão e posterior retorno de Sam Altman ao cargo de CEO. O estopim da crise, que já começou há mais de um ano, foi aparentemente os avanços no desenvolvimento de uma nova ferramenta, a Q* (Q Star ou Q Estrela). A nova ferramenta seria muito boa nos cálculos com algoritmos matemáticos. Um exemplo desse tipo de algoritmo seria a determinação de rotas ótimas entre vários pontos. O uso da inteligência artificial permitiria por exemplo o uso de conhecimento do mundo real ou também podemos dizer que permite o uso de conhecimento heurístico, termo mais utilizado na área de IA na resolução de problemas com algoritmos matemáticos. O que não foi dito ainda é que o uso da IA para este tipo de problema já era amplamente utilizado com sucesso antes do uso massivo do machine learning e da IA generativa. A deficiência do machine learning é a tal “caixa preta”, ele consegue obter soluções mas na maioria das vezes não sabemos como ele fez exatamente para chegar a essa solução, coisa que não existia nos primeiros métodos de resolução de problemas utilizados pela IA. A IA generativa por sua vez também é deficiente na resolução de problemas matemáticos embora seja fantástica na análise de textos e predição de resultados com base no texto disponível. Então a IA generativa até certo ponto pode se dizer que estava “incompleta” caso a pretensão fosse chegar a IA Geral, com capacidade de raciocinio semelhante ao ser humano. Teria que se criar uma técnica de integrar a capacidade de resolver problemas matemáticos complexos do início da IA com as técnicas de machine learning e deep learning e da IA generativa. Mas isto não quer dizer que fazer esta integração permita chegar à IA Geral, mas teoricamente seria um passo a mais nessa direção. Uma técnica muito utilizada em IA na resolução de problemas era o uso do A* (A Star ou A Estrela) que permitia o uso de heurísticas ou conhecimento do mundo real na resolução de problemas. Quando vi o nome da nova ferramenta da OpenAI, Q*, automaticamente me veio à lembrança o uso da classe de algoritmos A*, que eu utilizei na minha tese de mestrado de IA, décadas atrás para a determinação de caminhos ótimos entre vários pontos, levando em consideração conhecimento sobre o mundo real. Coincidência dos nomes Q* e A* ? Desconfio que não.

Mas voltando ao título deste artigo, as ferramentas existentes de IA e mais recentemente de IA generativa tem permitido realizar e automatizar processos antes restritos aos seres humanos de uma forma muito eficiente e com resultados de boa qualidade. O objetivo da automação sempre foi esse, criar algoritmos, técnicas e sistemas que consigam nos fazer economizar tempo, superar nossas limitações como seres humanos e obter soluções confiáveis, de boa qualidade. Isso tem sido possível cada vez mais desde o início da computação e o desenvolvimento dos primeiros sistemas de informação. Temos evoluído cada vez mais e os bons resultados obtidos com o uso da IA nos permitiram continuar progredindo nessa evolução, agora em novas áreas de atuação. A IA generativa ao disponibilizar ferramentas de fácil utilização pela maioria dos usuários, com excelentes resultados, que, olho vivo… ainda estamos explorando incipientemente, nos permitirão milhares de novas formas de utilização na medida em que estas ferramentas forem cada vez mais aplicadas no dia a dia das pessoas e estas descobrirem novas utilidades. Grandes avanços tem sido conseguidos. Então a pergunta de se existe alguma razão para ansiedade por ainda não termos chegado na IA Geral, com inteligência supostamente semelhante ou superior à de um ser humano? Não, claro que não. Já temos muito que explorar com as ferramentas disponíveis e com isso obter novas formas de nos beneficiar.

Autor: Ernesto Villafuerte Oyola

Mestre em Ciências de Computação e CEO da Aomega Treinamento

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